25/09/2010

Homem-Escorpião e dilemas morais pelo preço de um castor



Honrar os compromissos é algo que mostra muito do quanto vale o homem. Escolher entre fazer o que se deve e dormir, a escolha mais digna é óbvia. Mas e quando as opções são fazer o que tem de ser feito e acordar? Eis que surge um dilema. Um dos mais bizarros pelos quais eu já passei nas últimas 3 décadas.

Assumi o compromiso de apresentar uma peça de teatro na qual eu representava um cara que tinha ganhado os poderes de um escorpião. O preço era comprar um castor na recepção. Muita gente não queria criar um castor, mas fizeram esse sacrifício em nome da vontade de assistir. Eu estava muito empolgado, até começar a perceber que eu não tinha lido o roteiro e nem sabia minhas falas. Já estava vestido, maquiado, mas não sabia lhufas do que eu precisava fazer e não encontrava ninguém com nenhuma mísera cópia do roteiro. O Batman asté ofereceu ajuda, mas ele estav ocupado demais com demônios transmorfos de outra dimensão.

Até que veio a esperança. Eu comecei a ser puxado pro estágio intermediário entre a vigília e o sono e percebi que eu poderia acordar sem precisar passar por aquela situação. Mas como fazer isso e abandonar meu público? como conviver com essa escolha pro resto da minha vida? Com que cara eu voltaia pro mundo dos sonhos depois disso? e os pobres castores?

Fui arrancado desse dilema quando meu celular vibrou e me transportou de vez pra esse mundo atravez do qual eu e você interagimos. Mas confesso que se eu respirar bem baixinho posso sentir no fundo do meu coração uma sensação de dever não cumprido.

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